BRASÍLIA (Reuters) – A polícia brasileira invadiu nesta quarta-feira a casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, detendo assessores de confiança e confiscando seu celular como parte de uma investigação sobre seus registros de vacinação.
A investigação pode responder a perguntas sobre como Bolsonaro, um cético estridente em relação ao coronavírus que jurou nunca tomar uma vacina contra a COVID, foi registrado como vacinado em registros de saúde divulgados em fevereiro.
Documentos da Suprema Corte mostraram que a polícia federal encontrou evidências de adulteração dos registros de vacinas de Bolsonaro em suas últimas semanas como presidente no final de dezembro, antes de viajar para os Estados Unidos, onde a maioria dos visitantes estrangeiros deve ser vacinada.
Bolsonaro confirmou aos repórteres a batida em sua casa em Brasília e confirmou que não havia tomado nenhuma vacina contra o coronavírus. Ele negou qualquer participação na suposta falsificação de documentos.
“Da minha parte, nada foi falsificado. Não tomei a vacina. Ponto final”, disse ele, acrescentando que seu telefone foi apreendido.
A investigação da vacina é uma das várias que estão colocando o ex-líder de extrema direita sob pressão, incluindo investigações sobre alegações de supressão de votos, seus ataques à legalidade das eleições brasileiras e apropriação indevida de presentes estrangeiros.
Bolsonaro negou qualquer irregularidade nesses casos.
A Polícia Federal informou em nota que está cumprindo 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva em Brasília e no Rio de Janeiro como parte da operação, sem citar os alvos.
O Supremo Tribunal Federal, que está acompanhando o caso, divulgou documentos judiciais na quarta-feira, que incluíam um mandado de prisão de Mauro Cid, um dos assessores pessoais de Bolsonaro quando ele era presidente, que permaneceu como assessor dele depois que ele deixou o cargo.
Documentos judiciais mostraram que a polícia citou evidências de que Syed engendrou um esquema no qual Bolsonaro foi registrado em 21 de dezembro como tendo sido vacinado contra COVID. Segundo os documentos, o ingresso, que era feito na Secretaria de Saúde Pública da periferia do Rio de Janeiro, foi cancelado após uma semana.
Os seguranças pessoais de Bolsonaro, Max Guilherme e Sergio Cordero, que permaneceram de plantão como parte de sua turma, também foram presos na operação de quarta-feira por acusações de falsificação de carteiras de vacinação antes de viajar com Bolsonaro para os Estados Unidos.
Syed e os outros assessores não foram encontrados para comentar.
A polícia disse que está investigando um esquema para inserir “dados falsos” em um banco de dados nacional do COVID-19 entre novembro de 2021 e dezembro de 2022.
“Como resultado, eles conseguiram emitir e usar certificados de vacina para contornar restrições impostas por autoridades públicas no Brasil e nos Estados Unidos”, disse a polícia.
A polícia disse que a investigação apontou para razões “ideológicas” para contornar as regras de vacinação, “a fim de acompanhar a retórica ofensiva da vacinação contra a COVID-19”.
“Estamos confiantes de que todas as dúvidas legais serão removidas e ficará provado que Bolsonaro não cometeu atos ilegais”, escreveu Waldemar Costa Neto, presidente do partido político de Bolsonaro, nas redes sociais.
(Reportagem de Lisandra Paraguaso) Edição de Stephen Grattan
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