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Detalhes da carta de John Preston solicitando duas cópias do Otelo de Shakespeare foram descobertos pelo professor John Stone nos arquivos do English College em Usha House. Crédito: Reproduzido com permissão de Usha Historic House, Churches and Gardens
John Stone, professor da Universidade de Barcelona, encontrou um pedido para que dois exemplares do Otelo de Shakespeare fossem enviados para Lisboa em 1765 numa carta de John Preston, professor do Colégio Inglês de Lisboa. Agente do Colégio em Londres, John Shepherd. Stone encontrou esta nota no Usha College, em Durham (Reino Unido), que hoje alberga todos os papéis do English College de Lisboa, que fechou as portas em 1973, após mais de trezentos anos de funcionamento.
Embora se saiba da existência de traduções parciais das peças de Shakespeare – por vezes de versões francesas – em Portugal desde finais do século XVIII, esta é a primeira vez que as peças de Shakespeare aparecem em Lisboa na sua língua original e, por extensão, lusófona. O mundo pode ser documentado.
Esta descoberta confirma que as peças de Shakespeare foram distribuídas entre famílias e leitores binacionais e bilíngues ou multilíngues e redes comerciais.
As cópias foram enviadas por via marítima e em grande quantidade, com muitos volumes. Preston e o College continuaram a solicitar livros e suprimentos da Inglaterra. Estas exportações constituem o contexto imediato em que se entende a existência de Otelo no Portugal do século XVIII. Além disso, este facto aponta para o fenómeno mais vasto dos expatriados britânicos e irlandeses e da comunidade local que leu amplamente em inglês ao longo do século XVIII.
John Preston (1712–1780) foi padre e professor de teologia, tutor do príncipe herdeiro do trono português e responsável pelo desenvolvimento da política de enquadramento do colégio inglês na vida cívica portuguesa. A faculdade era uma instituição modesta para cerca de vinte e cinco alunos e fazia parte de uma rede informal, mas extensa, de instituições da diáspora que atendiam católicos ingleses, escoceses e irlandeses.
Stone se pergunta por que Preston encomendou precisamente duas cópias de Otelo, em vez de obras como Rei Lear, Macbeth, Romeu e Julieta ou Antônio e Cleópatra. Talvez tenha a ver com “uma longa tradição teatral portuguesa com personagens africanas – banda desenhada linguisticamente marcada – ou, mais genericamente, com o facto de a peça ser uma peça estrangeira numa cultura marítima”.
As descobertas são Publicados No diário Notas e perguntas.
Mais Informações:
John Stone, Otelo vai para Lisboa, 1765, Notas e perguntas (2024) DOI: 10.1093/notesj/gjae022
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