Não será surpreendente para o leitor constatar que os preços do imobiliário no mercado nacional continuam a subir. Com efeito, ao longo da pandemia e dos períodos de confinamento mais exigentes, este setor de atividade continuou a demonstrar uma resiliência ímpar.
Chegados ao outono de 2021 e enquanto se discutem os moldes da tão aguardada “nova normalidade”, esses mesmos valores descolaram. Fizeram-no a um ritmo tão ou mais surpreendente do que aquele registado até finais de 2019.
Em Busca do Potencial Máximo
Há alguns anos apenas, seria impensável discutir que os valores praticados numa cidade como Lisboa pudessem ombrear com outras capitais europeias.
Com efeito, o preço médio de venda atual impressiona e era em setembro deste ano de €592.960, mais 11% do que no período homólogo.
Apesar da facilidade em encontrar algo compreendido num determinado orçamento, comprar um apartamento em Lisboa nunca foi simultaneamente tão fácil, graças às ferramentas de busca e tão difícil, como resultado dos valores médios praticados.
A título meramente comparativo, o preço de venda médio a nível nacional é atualmente de €370.372. No extremo oposto encontramos distritos como a Guarda, com €112.108 ou Castelo Branco, com €124.229.
Ainda que nos grandes centros urbanos os elevados valores praticados sejam um reflexo da reduzida oferta e da pressão do mercado habitacional de luxo, onde estamos quando comparados com as principais capitais europeias?
Uma Liga Distante
Ainda que os valores praticados sejam impressionantes e muito além da capacidade financeira da esmagadora maioria dos portugueses, estes ainda estão muito distantes da realidade em Londres ou Paris.
Nestas duas capitais, Londres toma a dianteira com um valor de venda médio de €14.087 enquanto Paris regista €13.597 – por metro quadrado! Estes valores são verdadeiramente impressionantes quando comparados com aqueles praticados em território nacional, de €4.642 por metro quadrado.
As realidades económicas distintas também ajudam a explicar o apelo das nossas cidades e demais distritos com valores de imobiliário elevados. Em termo comparativo, podemos ser tentados a assumir que Lisboa aparenta estar em saldo para os cidadãos londrinos ou parisienses.
Condições Ímpares
É precisamente esse apelo por Lisboa, Faro, Porto ou mesmo pela Região Autónoma da Madeira que continua a colocar pressão sobre o mercado imobiliário.
Por um lado, é um distrito deveras apelativo para uma geração pós-pandémica que começa a descobrir o apelo do trabalho remoto. Por outro, a Comissão Europeia, com recurso ao Eurostat indica Portugal como sendo um mercado de risco devido a uma bolha imobiliária, cenário que não está completamente arredado devido à instabilidade sentida do outro lado do mundo, na China.
Em grande parte, é difícil torcer contra o sucesso do setor imobiliário em Portugal. Pilar económico, empregador e dinamizador, é o reflexo de tremenda dedicação e resiliência.
Por outro, até a classe média-alta se vê excluída da vida nas cidades que ajudaram a construir e a colocar no mapa. Um mapa que cada vez mais descarateriza estes pontos da nossa história e cultura, apresentando o mais nefasto resultado do sucesso turístico.
Os portugueses continuam a ter esperança em preços mais acessíveis, sem que isso tenha necessariamente que comprometer todo o setor. Resta aguardar para perceber quanto desse sonho é mera utopia e onde se encontra mesmo a linha vermelha para os preços das casas em Portugal.
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