A retirada marcaria uma grande mudança estratégica para a França, que tem tropas no Mali há nove anos.
Espera-se que o presidente Emmanuel Macron anuncie que a França retirará suas forças do Mali, em meio a um colapso nas relações com os líderes militares do país.
Macron deve anunciar a decisão nesta semana, informaram as agências de notícias Reuters e AFP, citando fontes diplomáticas e de segurança. A Reuters disse que a decisão pode ser anunciada na quarta-feira após uma reunião de alto nível sobre a região africana do Sahel em Paris. É provável que isso seja anunciado em conjunto com a cúpula da União Europeia e da União Africana em Bruxelas na quinta e sexta-feira, disse a AFP.
A retirada do Mali, com a redistribuição de forças para outros países da região, representa uma grande mudança estratégica da França, encerrando uma missão de nove anos que sucessivos presidentes franceses disseram ser crucial para a segurança regional e europeia.
“Se as condições não forem mais favoráveis para podermos operar no Mali – e este é claramente o caso – continuaremos a combater o terrorismo ao lado dos países do Sahel que o desejam”, disse o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Yves. Le Drian disse na segunda-feira.
Houve dois golpes no Mali desde 2020, e as relações pioraram desde que os militares renegaram um acordo para realizar eleições em fevereiro e propuseram manter o poder até 2025. O regime também desenvolveu laços mais estreitos com a Rússia, inclusive recorrendo a mercenários suspeitos Da Russia. Empreiteiro militar privado de Wagner, este mês expulsou o embaixador francês.
“Amanhã à noite (quarta-feira) haverá uma reunião entre o presidente francês e os chefes dos países parceiros de nossa presença na região do Sahel na luta contra o terrorismo”, disse a repórteres o porta-voz do governo francês Gabriel Attal.
Ele se recusou a dizer se foi tomada uma decisão sobre a retirada das tropas, além de dizer que seria tomada em consulta com parceiros europeus e africanos.
A retirada francesa significa a retirada da Divisão Takuba das Forças Especiais Europeias.
Um documento preliminar do plano visto pela Reuters, distribuído aos países participantes no Mali, diz que a França e seus parceiros Takoba “decidiram começar a retirada coordenada de seus recursos militares do território maliano”.
“Não é mais se eles vão embora, mas o que acontece com as tropas, o que acontece com a força de paz da ONU e o que acontece com as missões da UE”, disse um diplomata europeu sênior à agência de notícias.
mudança de foco
Uma autoridade presidencial francesa disse que a ideia seria reduzir as tropas e cooperar exclusivamente com os países que querem ajuda.
A França já retirou algumas de suas forças do Sahel com o objetivo de reduzir seu número de cerca de 5.000 para 2.500-3.000 até 2023. Cerca de metade de suas forças estão estacionadas no Mali.
A missão Takuba tem de 600 a 900 soldados, 40% dos quais são franceses, e inclui equipes médicas e logísticas.
O rascunho do documento não exige que os países participantes da missão de paz da ONU de 14.000 membros (MINUSMA), da Missão de Treinamento da União Européia (EUTM) e das missões EUCAP se retirem. No entanto, seu futuro é duvidoso, pois as forças francesas fornecem apoio médico e aéreo e segurança.
O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Alparis, cujo país representa o maior contingente na missão da UE, disse que as razões para o envolvimento da Europa na região permanecem.
Os governos europeus temem que a mudança nas relações com os governantes da região arrisque deixar um vácuo para a Al-Qaeda e movimentos ligados ao ISIS/ISIS.
Além do Mali, Burkina Faso e Guiné-Bissau sofreram recentemente golpes militares.
“A Espanha fará ouvir sua voz na União Européia. Acreditamos que as razões que nos trouxeram ao Mali ainda estão lá – instabilidade e jihad.
“É aconselhável que continuemos em missão.”
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